Com a morte do papa Francisco, nesta segunda-feira (21), o Vaticano deu início a uma sequência de ritos milenares que marcam a despedida de um pontífice. O protocolo, chamado Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, estabelece a liturgia e a estrutura das cerimônias que se estendem por nove dias, mas desta vez, com ajustes feitos pelo próprio Francisco antes de sua morte.
A versão atualizada do ritual foi publicada em novembro de 2024, após aprovação de Francisco. Ele promoveu uma simplificação dos procedimentos:
Francisco também rompeu um tabu histórico: foi o primeiro papa a falecer em um hospital. Desde a criação do Estado do Vaticano, em 1929, todos os papas morreram em residências e propriedades da Igreja. O protocolo, até então, não previa essa possibilidade.
Com a morte do papa, o comando passa para o Colégio Cardinalício, liderado pelo camerlengo – atualmente, o cardeal Kevin Joseph Farrell, nomeado por Francisco em 2019. Ele verifica oficialmente a morte, lacra o quarto e o escritório do papa, e convoca os cardeais para as reuniões que antecedem o conclave, onde será eleito o novo pontífice.
Chefes de Estado ao redor do mundo são avisados, e o corpo é preparado para o velório, que deve durar entre quatro e seis dias. O sepultamento ocorre nesse intervalo.
O luto oficial dura nove dias – o chamado Novemdiales. As cerimônias incluem missas diárias, orações e celebrações públicas. O corpo do papa é inicialmente exposto na Sala Clementina, onde membros do Vaticano prestam homenagens, e depois transferido para a Basílica de São Pedro, aberta ao público.
Em 2005, o funeral de João Paulo II mobilizou multidões:
Já o funeral de Bento XVI, em 2022, teve proporções mais discretas. Como papa emérito, o velório atraiu 200 mil pessoas, e a missa foi acompanhada por 50 mil fiéis.
Com Francisco, o mundo assiste à despedida de um papa que moldou o seu próprio adeus. Simplificou, modernizou e deixou registrado que até os rituais mais tradicionais podem — e devem — evoluir.