Um levantamento realizado pelos Cartórios de Registro Civil revela que, desde 2021, cerca de 1,2 mil crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um dos pais anualmente na Paraíba. Os dados foram obtidos por meio do cruzamento de informações do CPF dos pais em registros de óbitos com os registros de nascimento dos filhos.
Impacto da pandemia de Covid-19
Em 2021, a pandemia foi responsável por ao menos 20% dos casos de orfandade no estado, com 251 crianças perdendo seus pais para a doença, de um total de 1.135 órfãos naquele ano. Entre 2019 e 2024, a Covid-19 deixou 313 crianças órfãs de pelo menos um dos pais na Paraíba. Ao incluir doenças correlacionadas, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e insuficiência respiratória, o número sobe para 658.
Casos extremos de orfandade, em que crianças perderam ambos os pais, também foram registrados:
· 2021: 15 casos
· 2022: 23 casos
· 2023: 7 casos
· 2024 (até outubro): 12 casos
Avanços tecnológicos e políticas públicas
O levantamento foi possível graças à integração de bases de dados civis, resultado de mudanças na legislação brasileira que consolidaram o CPF como identificador único em registros civis. Antes de 2019, a ausência obrigatória do CPF dificultava esse tipo de análise.
“Esses dados permitem compreender a dimensão do problema e ajudar no desenvolvimento de políticas públicas específicas”, explicou Carlos Ulysses Neto, presidente da Associação de Notários e Registradores da Paraíba (Anoreg-PB).
Tendência de aumento
O número de crianças órfãs na Paraíba cresceu nos últimos anos:
· 2022: 1.290 crianças
· 2023: 1.339 crianças (maior índice anual até agora)
· 2024: 1.215 registros até outubro
Comparativo nacional
Em números absolutos, São Paulo lidera entre os estados com mais crianças órfãs, seguido pela Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Apesar de menores números na Paraíba, a análise proporcional demonstra a relevância do problema na região.
A integração dos dados oferece uma ferramenta poderosa para mapear o impacto social da orfandade e buscar soluções para garantir o bem-estar dessas crianças.
Com G1