Nesta quarta-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que o governo federal não apoia nenhum candidato específico para a eleição à presidência da Câmara dos Deputados, marcada para fevereiro do próximo ano.
A declaração de Lula surge em meio a mudanças importantes no cenário político, que incluem o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder da União Brasil, Elmar Nascimento (BA), ambos perdendo força na disputa.
Na terça-feira (3), o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), retirou sua candidatura à presidência da Câmara e declarou apoio ao líder de seu partido na Casa, Hugo Motta (PB), trazendo uma nova dinâmica à disputa e aumentando as chances de Motta se tornar um candidato de consenso.
"O presidente Lula, o presidente do Brasil, não tem candidato à presidência da Câmara. Essa é uma responsabilidade dos partidos políticos e dos deputados federais. A presidência do Senado, por sua vez, é responsabilidade dos senadores e dos partidos que compõem o Senado", afirmou Lula em entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG).
Lula fez essas afirmações durante uma visita à cidade mineira para a entrega de obras de ampliação do hospital de clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Embora não tenha sido questionado diretamente sobre a sucessão na Câmara, Lula aproveitou o encerramento da entrevista para abordar o tema.
"Cabe ao presidente da República tratar bem qualquer que seja o presidente da Câmara ou do Senado, porque eles não precisam do presidente da República, mas o presidente da República precisa deles", afirmou Lula, reforçando que espera que a Câmara e o Senado elejam "o melhor" para garantir um governo virtuoso nos próximos dois anos.
Apesar de afirmar que o governo não tem envolvimento direto, Lula tem se reunido com Arthur Lira e líderes partidários para discutir a sucessão na Câmara. Foram realizados três encontros fora da agenda oficial com Lira, além de reuniões com outros nomes importantes, como Gilberto Kassab, presidente do PSD, que reiterou a candidatura do líder de seu partido, Antônio Brito (BA).
O presidente também encontrou-se com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e com o líder do partido, Hugo Motta, que ganhou destaque nos últimos dias como um possível nome de consenso.
Nos bastidores, há especulações de que o Palácio do Planalto estaria influenciando o enfraquecimento da candidatura de Elmar Nascimento, antes apoiado por Arthur Lira. Embora o governo tente se desvincular da imagem de articulador na sucessão da Câmara, há paralelos sendo feitos com o governo de Dilma Rousseff, que enfrentou desafios ao tentar eleger um aliado para o cargo e acabou com Eduardo Cunha (MDB-RJ) na presidência, o que culminou no processo de impeachment.