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Famup afirma que parlamentares não viabilizaram recursos que garantam pagamento do piso nacional da enfermagem
Os recursos aprovados servem somente para 2023, não sendo permanentes para uma despesa continuada. Além disso, não traz regulamentação sobre a forma de distribuição e transferência, e é destinado apenas aos profissionais da atenção especializada, ficando de fora os profissionais da atenção básica, como aqueles que atendem a Estratégia Saúde da Família.
17/05/2023 08h53
Por: Políticas & Negócios Fonte: Claudete Leitão/Ascom

A Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup) criticou a postura de parlamentares em não viabilizar recursos que garantam o pagamento do piso nacional da enfermagem e também de aprovarem a Lei 14.581/2023 que se limitou a destinar apenas R$ 3,3 bilhões em recursos que não pagam ⅓ do piso dos profissionais de saúde que atuam nos municípios. O cenário é alarmante, pois leva ao colapso total da saúde no país, segundo destacou a entidade.

Os recursos aprovados servem somente para 2023, não sendo permanentes para uma despesa continuada. Além disso, não traz regulamentação sobre a forma de distribuição e transferência, e é destinado apenas aos profissionais da atenção especializada, ficando de fora os profissionais da atenção básica, como aqueles que atendem a Estratégia Saúde da Família.

O presidente da Famup, George Coelho, lamentou que muitos deputados e senadores não tenham o cuidado devido com os municípios e com os profissionais da enfermagem, se posicionando a favor de uma lei que não resolve os problemas e muito menos garante o pagamento do novo piso nacional de forma definitiva. “Muitos congressistas não se responsabilizam com o reflexo nos municípios, apenas para ter uma boa imagem perante a categoria, mas esquecem de ver que a nova lei não garante o pagamento para todos os enfermeiros, é limitado para alguns e tem data para acabar, pois os recursos só devem durar até dezembro”, disse.

“A Famup, os prefeitos e as prefeitas não são contra o pagamento do piso da enfermagem. Estamos trabalhando para que os recursos sejam liberados e permanentes. Todos os gestores reconhecem o trabalho essencial desempenhado pelos profissionais da enfermagem, técnicos e parteiros na atenção básica e na média e alta complexidade”, destacou George.

Impacto – Estimativas da Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostram que o impacto do piso para os municípios será de R$ 10,5 bilhões neste ano. No entanto, a Lei 14.581/2023 se limitou a destinar R$ 3,3 bilhões aos Entes locais, apesar de ser a esfera municipal que absorve o maior impacto financeiro com a instituição do piso.

O Congresso Nacional, segundo a Famup, tem desdenhado a situação dos municípios, ao longo da história do federalismo brasileiro, criando novas obrigações aos Entes sem ouvi-los e sem garantir os recursos necessários para seu cumprimento, inviabilizando o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Mobilização – A Famup também pede a mobilização dos gestores paraibanos junto a deputados e senadores para garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 25/2022, que adiciona ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) mais 1,5%, medida permanente e que aporta recursos financeiros que poderão ser aplicados para o cumprimento do piso. Só assim os municípios terão condições de garantir o pagamento do novo piso da enfermagem.

O presidente da entidade municipalista afirma que o Brasil já enfrenta uma situação crítica na prestação de serviços na saúde à população, com desafios no atendimento da atenção primária; taxa de cobertura vacinal muito abaixo da meta estabelecida e o risco de retomada de doenças graves como poliomielite e sarampo; falta de médicos e medicamento; e demandas reprimidas em decorrência da pandemia de Covid-19, que requer mais de R$ 17 bilhões em investimentos apenas para os municípios.

A CNM e a Famup orientam os municípios a aguardarem a definição do piso pelo Supremo Tribunal Federal (STF).